quarta-feira, 7 de julho de 2010
O pediatra
Faça a seguinte soma: três horas de sono, um litro e meio de suco de laranja, duas caixas de lenço de papel e ondas de dor e calafrios intermináveis = emergência médica. Minha semana começou assim. O primeiro dia foi ruim, mas acredite, a noite foi ainda pior! Relutei, mas... não escapei da emergência. Odeio clínicas e hospitais. São sempre brancos, com aquele cheiro que é uma mistura de medicação, produto de limpeza e doença. Não conheço uma pessoa que não se sinta mais doente em um lugar desses. E existe outro detalhe enlouquecedor: crianças. Pode ser à tarde ou de madrugada, uma delas vai estar com aquele olho vermelho de febre e, claro, chorando muito!
OK, passados 15 minutos escuto aquela voz não muito animada chamando por meu nome completo (juro, acho que ele demorou uns 10 minutos para fazer isso, sou quase Dom Pedro II). Entrou no consultório e tcharanranraaaaaaaaaaaaam: Doutor Douglas! Ele só foi o meu pediatra por uns dez anos... Ele vincou todo o rosto, fez aquela careta de “Han?” e deu aquela olhadinha na ficha para relembrar meu nome.
Médico: Oi Aline, acho que eu me lembro de você!
Eu: Lógico, eu esqueci de entrar na fila da imunidade e fazia muitas visitas ao pediatra! Opa, pediatra? Tem alguma coisa errada, né?
Médico: Ah, o plantonista teve uns probleminhas e eu vim cobrir o plantão. Bom, mas o que acha de pararmos de falar sobre mim e descobrir o que te trás aqui?!
Eu (estava, no mínimo, com a maior cara de idiota lembrando das vezes em que a minha mãe me carregava pro hospital por causa das gripes, cotovelos mega ralados ou pés quebrados): Minha garganta...
Médico: O que foi? Que carinha é essa?
Eu: Nada, só achei engraçado passar pelo pediatra aos 23...
Médico: É... colocando assim, fica engraçado mesmo. Agora, põe a língua pra fora e fala “AH”.
Momento crise de riso, me recompus e atendi ao pedido e escutei o veredicto: antigripal, antibiótico, repouso e inalação.
Cinco dias de tratamento intensivo e atendi ao pedido do médico, voltar ao consultório. Só que durante o dia e no horário de atendimento da pediatria. Ta... sei que passou bem por uma criatura de 15 aninhos, corpinho de 12, mas me senti extremamente envergonha. Já entrei fingindo que estava falando ao celular para evitar qualquer resposta a atendente. Encostei ao lado da sala sete e cruzei os dedos pro paciente mirim sair da sala logo. Cinco minutinhos depois aparece o meu eterno pediatra e abre aquele sorrisão lindo.
Médico: Não é que você veio?! Pensei que ia ficar com vergonha!
De onde será que ele tirou aquilo? Enfim, entrei e contei sobre o tratamento, tive que fazer “AH” de novo e ganhei mais uma receitinha. Contente por conseguir respirar melhor, não sentir um peso absurdo na cabeça e estar liberada de alguns remédios horríveis, estendi a mão e agradeci pela atenção e paciência, abri a porta e sai. Menos de dois passos e escuto um “Aline?”, vindo do consultório. Imaginei que tivesse deixado algo lá dentro e voltei.
Médico: Toma, esqueceu o pirulito! É igual ao do Chaves, você gostava quando era criança.
Ele lembrou mesmo de mim, pensei.
Eu: A paciente diabética agradece!
Médico: Poutz, é mesmo!
Eu: Relaxa, além do flashback que isso criou, vou adorar exibir meu presente de bom comportamento pra pirralhada lá fora!
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Você tem vergonha de um médico que te atendeu esses dias e quando pequena foi seu pediatra? Eu quando criança só ia ser atendido pelo Abssamra (atual prefeito de Ferraz pra quem não conheçe). Detalhe importante: Eu vejo ele quase todos os meses e ele não lembra de mim (ou lembra?). rsrsrs
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