terça-feira, 16 de novembro de 2010

A menina e o lápis amarelo

Hoje achei um buraco no tempo-espaço.

Recostada no beiral da sacada, mantive os pés pendurados, indo e voltando no vazio da noite. A garrafa já pela metade ao lado do bloco de anotações encorajava, mas não mudava o cenário.

As estrelas pareceram, por um momento, mais próximas. O vento soprava gelado, constante, parecia querer brincar com meus cabelos, com a barra do meu vestido, com minhas sensações. Ele me envolveu e me encheu de vazio.

Será que nesses prédios, nesses pequenos pontos de luz distantes alguém compartilha dessa sensação? Será que, assim como eu, alguém faz essas mesmas perguntas?

A estampa desbotada esconde um peito aflito, uma pele arrepiada, fruto de um sorriso jocoso, sem motivo, enfim, espontâneo.

Minha montanha russa inicia hoje uma subida. Até quando? Já não importa mais... Importa apenas que o vento me envolve, que meus pés seguem pendurados e que, ainda de olhos fechados, ouço a melodia, aquela mesma que fez brotar o sorriso.

Por sorte, já que o acaso não existe, o lápis amarelo está ao lado da garrafa -  a essa altura já não mais tão cheia. E é ele que vai me ajudar a lembrar dessa noite.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dentro

Ao todo, são quatro feridas. Todas do lado esquerdo.
Apenas uma delas não é visível.