terça-feira, 16 de novembro de 2010

A menina e o lápis amarelo

Hoje achei um buraco no tempo-espaço.

Recostada no beiral da sacada, mantive os pés pendurados, indo e voltando no vazio da noite. A garrafa já pela metade ao lado do bloco de anotações encorajava, mas não mudava o cenário.

As estrelas pareceram, por um momento, mais próximas. O vento soprava gelado, constante, parecia querer brincar com meus cabelos, com a barra do meu vestido, com minhas sensações. Ele me envolveu e me encheu de vazio.

Será que nesses prédios, nesses pequenos pontos de luz distantes alguém compartilha dessa sensação? Será que, assim como eu, alguém faz essas mesmas perguntas?

A estampa desbotada esconde um peito aflito, uma pele arrepiada, fruto de um sorriso jocoso, sem motivo, enfim, espontâneo.

Minha montanha russa inicia hoje uma subida. Até quando? Já não importa mais... Importa apenas que o vento me envolve, que meus pés seguem pendurados e que, ainda de olhos fechados, ouço a melodia, aquela mesma que fez brotar o sorriso.

Por sorte, já que o acaso não existe, o lápis amarelo está ao lado da garrafa -  a essa altura já não mais tão cheia. E é ele que vai me ajudar a lembrar dessa noite.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dentro

Ao todo, são quatro feridas. Todas do lado esquerdo.
Apenas uma delas não é visível.

domingo, 24 de outubro de 2010

A crença

Às vezes, ela olha pela janela
procurando a mesma vista,
a mesma sensação daqueles dias.

As mensagens que só agora
fazem sentido, tanto tempo depois,
tempo demais...
Ainda a perturbam.

Porque não quis entender, se pergunta.
O medo de acreditar em si,
a impede de acreditar nos outros.

Sempre foi assim, sempre será.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sociologia nos trilhos


Que o transporte público é um caos, todo mundo sabe, mas para perceber que é possível vivenciar coisas surreais em ônibus, trens e composições do Metrô é necessária uma disposição fora do comum. Em alguns casos é impossível não participar da conversa alheia, compartilhar do gosto musical (duvidoso) de muitos ou até mesmo do cochilo dos mais derrubados. Como esse assunto rende demais, vamos por partes, Jack:

“Seo Cícero”
Quem nunca teve um bom papo sobre toda-e-qualquer-coisa-indo-ou-voltando-do-trabalho-ou-da-facul que atire a primeira pedra! No final da última semana, a caminho do jornal fui pega de surpresa por uma das melhores e mais rápidas conversas do ano (tá, de repente minha vida não esteja tão interessante assim nos últimos tempos!). O diálogo começou mais ou menos assim:

Ô minha filha, dá licença pros ‘boi véio’ sentar perto do capim novo – disse um senhor com cara de bonachão. Ao lado dele um senhor mais discreto, com o rosto bem marcado pelo tempo e os olhos verdes miúdos...

Eles conversaram, no percurso Manoel Feio – Itaquaquecetuba, sobre família, cidade natal, trabalho, filhos e netos. Passados esses dois longos minutos de bate-papo, o homem mais despachado desembarcou. O outro deve ter se empolgado e esticou o papo até mim:

Pois é, minha filha, amigo a gente carrega pra sempre e pra todo lugar!

Foi a primeira vez que prestei atenção na fala dele. “Seo” Cícero, como se apresentou já quando estava indo embora, é natural de Pernambuco, mas tem o sotaque típico das pessoas criadas no Bixiga. No auge dos seus 69 anos, ainda vai todos os dias até a Estação Brás, coordena uma equipe de operários, volta para Suzano, onde almoça com sua “namorada” (Dona Judite, com quem é casado há 45 anos!) e volta para a empresa.

Quando perguntei se não era muito desgastante ir e voltar tantas vezes ele abriu um daqueles sorrisos que ficam na cabeça da gente por muito e muito tempo e respondeu: “Pra ficar com a mulher da vida da gente vale qualquer esforço!”

A história do casamento dele é um “causo” a parte. Cícero contou que estava noivo, de casamento marcado quando foi conhecer alguns parentes mais distantes da futura esposa. Foi aí que encontrou Judite, prima da pretendente. “Ah, larguei tudo e casei com ela. Sabia que era isso ou era isso. Uma hora o peito fala com a gente.”

Saímos do assunto, já que EU não tinha repertório (hahaha) e começamos a conversar sobre carreira, noticiário da tevê, política, saúde, praticamente “A Breve História de Quase Tudo”, de Bill Bryson. Tinham se passado apenas 15 minutos!

Já na Estação de Suzano, “Seo” Cícero estendeu a mão, disse que tinha sido um prazer conhecer uma “jovem que dava atenção aos 'boi véio'”, como disse pouco antes o amigo dele e fez uma última pergunta antes de ir embora: “Sabe qual a maior riqueza do homem?”

Respondi com sinal negativo de cabeça e ele apertou mais uma vez minha mão e disse que não eram as minas de ouro ou diamante, os poços de petróleo, nem nada do tipo. "É o cemitério". Devo ter feito uma cara bem estranha e ele se apressou em explicar. Disse que era lá onde estava toda a fama apreciada pela maioria, "as riquezas do ego", como chamou. Mas também era ali que "estavam a história, o conhecimento, os heróis, quem valia a pena conhecer e ouvir". E completou: "Pena nem todo mundo dar a atenção ao passado ou a quem presenciou os bons tempos da história como você. O mundo pode não estar ficando velho, mas está ficando burro".

Odiei dizer tchau!

Uh, Lady Gaga!

Panes, gente inconveniente, aperto, brigas. Tudo isso vira rotina pra quem depende da CPTM e do Metrô. Na terça, o maravilhoso 4º Trem da Linha Safira, onde estava sonolenta e mal-humorada (novidade) parou entre as estações Engenheiro Goulart e Tatuapé. Do nada, as portas se abriram com o trem em movimento, não sei como nenhuma das sardinhas ali acondicionada não rolou trilho abaixo.

Em seguida, ele parou por completo e fechou as portas. Dez minutos sem nenhum tipo de comunicação entre a cabine do maquinista e as composições. E claro, deu merda! Os passageiros super civilizados (e pouco cansados pela rotina de levantar às 5h e só voltar para casa às 19h, 20h) começaram a quebrar as travas de abertura das portas. Nenhuma delas funcionou.

A sensação de claustrofobia era absurda. Por ter ar condicionado, o vagão era selado, sem uma janela com vão sequer! Cerca de 20 minutos depois, um cara forçou a porta e conseguiu abri-la, o mesmo aconteceu nas composições de trás. Resultado: muita gente na linha. Em meio a tudo isso, cinco celulares tocaram "sucessos" diferentes de Lady Gaga, foram piadas e mais piadas, com direito a imitação e gritinhos histéricos. Fato: ela está em alta, mesmo entre usuários descontentes com os serviços da CPTM!

Solavanco, tombos e o trem começou a andar. Muitos caras pegaram batentes e começaram a depredar  os vagões, irritados por terem descido - vale frisar, que todos por CONTA PRÓPRIA. Outros acionaram o extintor de incêndio, e por fim, um mané gritou: “Foooooooooogo, foooooooooooogo”. Pânico generalizado, corre-corre e o trem trava as portas de novo. Nem a voz sonolenta e calmante do Rômulo Fróes deu jeito na pontada de medo que tomou conta de mim.

Do nada o carro começou a andar, só que de ré. Voltamos à Estação Goulart. Três trens depois, consegui entrar em uma composição tão cheia quando aquela onde estava antes. No Metrô, outra luta.
Cheguei às 9h30 no trabalho de meio período, no qual fico só até o meio-dia. Meu dia foi qualquer coisa, menos produtivo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Eu num si incontro…

Coisas engraçadas acontecem todos os dias, isso é fato. Só que, às vezes, estamos mais atentos a elas.

Hoje, confesso, o dia foi atípico. Por ser uma segunda-feira, achei tudo light demais. Normalmente, encontramos policiais sacaneando (de maneira saudável, deixo bem claro!) uns aos outros, histórias engraçadas de bandidos trapalhões, palavras ou termos como nosocômio, decúbito ventral, eppendorf...

Os absurdos são tantos, que uma vez fui mordida (no braço, vamos esclarecer) por um delegado no meio do plantão policial, tudo por causa de um trocadilho com o nome dele. Não vale detalhar o fato, não quero exonerar nenhuma autoridade!

Aos fatos: às 18 horas liguei para a testemunha de uma tentativa de homicídio, queria mais detalhes já que o boletim de ocorrência estava bem pobrezinho. Quatro tentativas frustradas depois, deixei cair na caixa postal para confirmar se era mesmo a pessoa por quem procurava. Ouvi o seguinte: “Oi... (som da música do MJ tema do Vídeo Show), você ligou para mim (mim quem, cara pálida?). Seguinte, eu num 'si incontro' em casa agora, certo? 'Cê' fala aí depois do barulhinho que eu si 'isforço' pra liga 'umais bréviu' que der”.

Claro, tive uma crise absurda de riso. Fiquei dando pulinhos por quase meia hora na minha cadeira com o soluço que tomou conta das minhas frases. Achei que estava no controle da situação, até me arrisquei puxar a ligação de uma mesa vizinha. A pessoa do outro lado da linha rachou de rir e desligou na minha cara. Bom, eu teria feito o mesmo.

A lição que fica? Eu trampo horrores, mas 'si divirto pakas'!

sábado, 10 de julho de 2010

A ponte

Na quinta-feira, logo que saí do consultório do pediatra (sim, tive que voltar!) fui pescada por um investigador na calçada em frente à delegacia. Eles realmente acham que os repórteres ficam felizes com notícias do tipo: “ó, tem uma mulher morta ali” ou “acabaram de roubar o banco”. No geral, frases como essa vêm acompanhadas de um “corre lá”! Enfim... Mesmo fora do meu horário, estava a poucos metros do local e decidi dar um toque na chefia do jornal e corri até o endereço passado por minha fonte.

Era uma ponte no final da ladeira Liberdade, sobre o Rio Tietê. Embaixo dela estava o corpo de um morador de rua. Um homem de 62 anos – morto, provavelmente, por causa do consumo excessivo de álcool. Mas não é essa a história que mais chamou a minha atenção. Do outro lado da rua, sentado na calçada, estava um rapaz de cara séria, roupas simples, cara de choro e mãos nervosas. Me aproximei. Estendi a mão e me apresentei. A primeira reação dele foi de estranheza. Aos poucos ganhei sua confiança. Logo ele revelou que eram poucas as pessoas que agiam assim com ele, “tratando como gente”, como ele mesmo falou. Comentário que anulou toda e qualquer pergunta que havia premeditado fazer a respeito do corpo que jazia metros dali.

Passado um tempinho perguntei se ele sabia alguma coisa sobre o andarilho. Ele respondeu que era sobrinho do homem e que, juntos, viviam ali há dez anos... Dez anos, metade da minha vida! Dá para imaginar? Sob uma ponte, menos de 30 centímetros sobre o nível do rio, tapadeiras de madeira para inibir a entrada do vento, um fogão improvisado, um montinho de lenha, três panelas e pedaços de colchão. Era tudo que eles tinham.

Depois de pegar mais algumas informações, agradeci e fui embora, prometendo voltar em outra oportunidade.

Hoje, aproveitei que o carro estava parado na garagem, joguei uma cesta básica improvisada no porta-malas e dei uma corrida lá. Chamei uma, duas e só na terceira vez tive resposta. Cláudio, como se apresentou, saiu com uma camisa social limpinha, calças grossas, meias e chinelos. Na mão esquerda um terço de madeira. Travei mais uma vez! Mesmo em meio a tudo aquilo, ele mantinha a fé. Já eu, na menor das adversidades, questiono tudo, inclusive, a existência de uma força maior, uma divindade. Ele me cumprimentou chamando pelo nome. Disse que não se esqueceria da pessoa que estendeu a mão pra ele! Não sou manteiga, mas o nó na garganta apertou. Mostrei a caixa e perguntei se ele tinha mesmo condições de cozinhar naquele local. Ele mostrou a pilha de lenha que havia acabado de buscar e o fósforo que ganhou do dono do posto de gasolina do outro lado da rua. Foi lá, inclusive, que ele guardou a caixa que levei. “Depois que meu tio morreu, entraram aqui e levaram a minha panela de pressão, acredita? Agora, guardo no posto as coisas de mais valor”, contou. Pensei como alguém consegue tirar algo de uma pessoa que tem tão pouco... Não tive resposta!

Precisava voltar ao trabalho, me despedi. Cláudio estendeu a mão e fez aqueles cumprimentos comuns das igrejas. Agradeceu pela cesta, pela conversa e pela dignidade que havia dado a ele naqueles dez minutinhos. Deu um beijo na minha mão e mandou eu me cuidar. "Deus está comigo", falou. Subi a rampa e vi que não eram aqueles três metros de profundidade que me afastavam dele, havia um abismo entre nós. Ainda assim, há uma ponte e basta vontade para transpô-la!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O pediatra


Faça a seguinte soma: três horas de sono, um litro e meio de suco de laranja, duas caixas de lenço de papel e ondas de dor e calafrios intermináveis = emergência médica. Minha semana começou assim. O primeiro dia foi ruim, mas acredite, a noite foi ainda pior! Relutei, mas... não escapei da emergência. Odeio clínicas e hospitais. São sempre brancos, com aquele cheiro que é uma mistura de medicação, produto de limpeza e doença. Não conheço uma pessoa que não se sinta mais doente em um lugar desses. E existe outro detalhe enlouquecedor: crianças. Pode ser à tarde ou de madrugada, uma delas vai estar com aquele olho vermelho de febre e, claro, chorando muito!
OK, passados 15 minutos escuto aquela voz não muito animada chamando por meu nome completo (juro, acho que ele demorou uns 10 minutos para fazer isso, sou quase Dom Pedro II). Entrou no consultório e tcharanranraaaaaaaaaaaaam: Doutor Douglas! Ele só foi o meu pediatra por uns dez anos... Ele vincou todo o rosto, fez aquela careta de “Han?” e deu aquela olhadinha na ficha para relembrar meu nome.
Médico: Oi Aline, acho que eu me lembro de você!
Eu: Lógico, eu esqueci de entrar na fila da imunidade e fazia muitas visitas ao pediatra! Opa, pediatra? Tem alguma coisa errada, né?
Médico: Ah, o plantonista teve uns probleminhas e eu vim cobrir o plantão. Bom, mas o que acha de pararmos de falar sobre mim e descobrir o que te trás aqui?!
Eu (estava, no mínimo, com a maior cara de idiota lembrando das vezes em que a minha mãe me carregava pro hospital por causa das gripes, cotovelos mega ralados ou pés quebrados): Minha garganta...
Médico: O que foi? Que carinha é essa?
Eu: Nada, só achei engraçado passar pelo pediatra aos 23...
Médico: É... colocando assim, fica engraçado mesmo. Agora, põe a língua pra fora e fala “AH”.
Momento crise de riso, me recompus e atendi ao pedido e escutei o veredicto: antigripal, antibiótico, repouso e inalação.
Cinco dias de tratamento intensivo e atendi ao pedido do médico, voltar ao consultório. Só que durante o dia e no horário de atendimento da pediatria. Ta... sei que passou bem por uma criatura de 15 aninhos, corpinho de 12, mas me senti extremamente envergonha. Já entrei fingindo que estava falando ao celular para evitar qualquer resposta a atendente. Encostei ao lado da sala sete e cruzei os dedos pro paciente mirim sair da sala logo. Cinco minutinhos depois aparece o meu eterno pediatra e abre aquele sorrisão lindo.
Médico: Não é que você veio?! Pensei que ia ficar com vergonha!
De onde será que ele tirou aquilo? Enfim, entrei e contei sobre o tratamento, tive que fazer “AH” de novo e ganhei mais uma receitinha. Contente por conseguir respirar melhor, não sentir um peso absurdo na cabeça e estar liberada de alguns remédios horríveis, estendi a mão e agradeci pela atenção e paciência, abri a porta e sai. Menos de dois passos e escuto um “Aline?”, vindo do consultório. Imaginei que tivesse deixado algo lá dentro e voltei.
Médico: Toma, esqueceu o pirulito! É igual ao do Chaves, você gostava quando era criança.
Ele lembrou mesmo de mim, pensei.
Eu: A paciente diabética agradece!
Médico: Poutz, é mesmo!
Eu: Relaxa, além do flashback que isso criou, vou adorar exibir meu presente de bom comportamento pra pirralhada lá fora!

domingo, 4 de julho de 2010

Di(z)puta!

Uau... A Copa do Mundo pode, de fato, suscitar uma série de sentimentos. Há três semanas parece que todo mundo decidiu se tornar patriota de carteirinha. Aqui, aliás, carteirinha, camiseta canarinho, bandeira no capô e vuvuzelas... Ah, bandeirinhas que com certeza fizeram toda a diferença para que a seleção do Dunga, aquele amor de pessoa, chegasse às quartas de final! Capaz... Mas o fato que mais chamou a minha atenção aconteceu depois da eliminação do Brasil, mais exatamente 24 horas depois. A saída da Argentina foi mais comemorada do que qualquer vitória dos brasileiros. Disputa idiota! Entendo a questão da rivalidade, mas as pessoas hostilizam umas as outras a troco de nada. Mais uma vez, salve a banalização!
Minhas preferências sempre foram duvidosas, afinal, ser do contra pra mim é diversão. Como não poderia ser diferente... Cruzei os dedinhos pelos argentinos nessa Copa. Acho o time fraco, sem zaga, mas unido, disposto, orgulhoso de usar aquela camisa celeste linda! E o Maradona, por outro lado, assumiu que não quer ser técnico coisa nenhuma! Ele tem uma equipe, que junta fez as escolhas. Ele ouve, ele fala, ele aceita. Ele deu identidade, ele usou a marra para criar a auto estima dos hermanos! Essa foi a vitória deles nessa competição. Ah, e ter 100% de aproveitamento na primeira etapa, com um super saldo de gols e um dos artilheiros também. Higuain aliás, que se precisar de consolo por causa da eliminação... Beijo, me liga! Será que esqueci de alguma coisa? Acho que não, enfim...
Tive chance de conhecer Buenos Aires no início do ano e asseguro, todos são apaixonados por seu país. A Argentina é sim a pátria daquelas pessoas com quem conversei, e não só durante um mês! Encontrei gente educada, politizada e acima de tudo consciente.
Voltando ao tampinha apaixonante do Maradona, bom... ele não ficou pelado, mas deu uma lição no nosso excelentíssimo treinador anão. Ele mostrou a que veio. Adotou uma seleção cheia de falhas e vestiu a camisa. Apoiou incondicionalmente sua equipe. Atitudes muito bem definidas pelo Rizek (http://colunas.sportv.globo.com/andrerizek/2010/07/03/maradona-alemanha-e-espanha-as-licoes-do-dia/), que, aliás, ganhou uma nova leitora hoje!
Só pra concluir: Disputar, do Aurélio, tornar objeto de pleito ou discussão; sustentar discutindo ou lutando; tentar... Agora diz... diz, puta que pariu, pra quê?!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Só mais um dia...


Jornalismo. Uma das poucas certezas que trago desde a adolescência! Esses dias, graças a uma amiga enroladíssima com o prazo de entrega do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) me vi obrigada a “conceder” uma entrevista relâmpago falando sobre os jovens profissionais da área. Achei engraçado ser tratada como “gente grande”, experiente, com histórias para contar. Acho até que bateu uma crise...
Foi esse o ponto de partida para a nostalgia. Lembrei de uma série de histórias que renderiam, minimamente, crônicas engraçadíssimas. Mas as oscilações de humor devem ter criado uma barreira natural nos últimos dias, já que não tive crises de riso em um local ou hora inadequados. Ok, vamos às explicações: sou repórter, confortavelmente responsável pela editoria policial em um jornal do Alto Tietê há dois anos. Apesar da tensão, trabalhar na área é uma baita escola! Claro que, há dias em que você se sente o Haley Joel Osmente em “O Sexto Sentido”, vendo gente morta o tempo todo, mas existe a parte “divertida”.
Na última semana, por exemplo, fiquei duas horas plantada em uma rua de terra, sem iluminação, à margem da Rodovia Ayrton Senna da Silva, em Itaquaquecetuba, à espera da identificação de dois corpos. Como o local precisava ser periciado e blablabá, ninguém podia se aproximar da cena do crime antes da chegada da Polícia Científica. Assim que eles desembarcaram, a gente se “envolveu no grupo, bancou os polícia e subiu”. Pensa em uma casa no alto do morro, cerca de 15 metros acima do nível da rua.
No microquintal, "os vários" dois repórtes da região, com os dedos cruzados esperando que RGs brotassem dos bolsos dos mortos para poder deixar aquele lugar e voltar para o quentinho do carro. Passados 15 minutos, já dominada pela injúria, olho para a rampa de entrada... Meu, era alta! Eu via um "L" - exatamente o desenho desde o topo até a rua. Como se não bastasse, era de concreto escorregadio e não tinha nem 30 centímetros de largura. Para quem me conhece e também do complexo que tenho com o tamanho do meu pé, sabe que isso era mesmo um problema! Confesso que precisei de uma forcinha para subir, mas ainda assim não havia notado como era difícil o acesso. Depois de me descabelar e bolar planos como virar um tatu-bola e sair rolando ou correr no melhor estilo “Lola”, fui cutucada pelo fotógrafo do jornal concorrente. Sinceramente comovido com o meu drama, que sugere: “Pô, monta na prancheta e faz um esquibunda!”. Pensei comigo: “maldito japonês, é por isso que eles sempre passam na USP”.

Inaugural...

Aos poucos estou vencendo a minha fobia virtual... Primeiro criei um profile no Orkut e até curti. Depois, mesmo sem entender a funcionalidade, entrei para o Twitter. E agora isso! Rumo ao mundo dos blogueiros. Assim como no exemplo anterior, não sei bem o que pretendo, mas... Se a receita se repetir, logo eu descubro. Quero um espaço público de construção e troca de conceitos, ligado a tudo o que é importante para mim e meus grupos de interesse. Tudo, é claro, com aquela pitadinha de humor negro típico dessa magrela aqui! Música, carreira, fatos corriqueiros, papos de boteco, tudo isso pode e deve virar assunto! Quero encontrar a lógica do "less is more" e mostrar que o simples abriga a melhor e a mais completa graça!